RELATÓRIO DA XXIV BRIGADA SUL-AMERICANA EM CUBA,
TERRA DO EDUCADOR DO FUTURO.
PERÍODO - 22 DE JANEIRO A 4 DE
FEVEREIRO DE 2017
por Antônio Ibiapino*
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¡Hasta Siempre,
Comandante Fidel! |
Os preparativos foram longos, cada delegação trabalhou
intensamente para poder concretizar o sonho de participar do histórico processo
de construção da Revolução Socialista de
Cuba.
Certamente as expectativas também foram enormes. De tão
grandes não podem ser relatadas, porque apenas a cabeça de cada brigadista sabe
o que se passou durante os preparativos. O que seria a brigada? Como seria? Que
lugares ou coisas visitaríamos? Qual o significado de visitar Cuba pela
primeira vez sem a presença física de Fidel?
Enfim, eram muitas as perguntas e também eram muitas as
incertezas. Talvez, somente uma coisa era certa. Todos nós acreditávamos que
Cuba seguiria lutando e resistindo.
No dia 22 de janeiro a maioria das delegações já estava no
Acampamento Internacional, Julio Antonio Melliá, localizado na província de
Artemiza Cuba.
É um espaço agradável, fica entre um circulo enorme de
árvores. No centro se encontram um conjunto de escritórios, uma biblioteca, um
posto médico, uma sala de conferências, um bar (La Piraugua), um restaurante,
uma tenda e ao redor, os alojamentos.
Numa das pequenas ruas, dispostas de norte a sul, há uma
formosa pintura retratando diversos momentos da REVOLUÇÃO. A oeste do lado do
bar e na borda da estreita rua que dá acesso a sala de conferencias se vê um
solitário pé de mandacaru.
Nas manhãs de cada dia podíamos ver muitas pessoas de
diversos países a caminharem em diversas direções, outras pareciam ouvir
músicas cubanas, geralmente revolucionárias, que eram emitidas por uma
radiadora instalada no alto de um edificio, e, entre nós, sempre se encontravam
dois cachorros brincalhões (Perros). Estas são imagens que talvez nunca se
apaguem de nossas mentes.
Na segunda feira, 23 de janeiro ou Lunes 23 de enero, a
programação foi a seguinte:
6:45 hrs. De pie.
7:oo hrs. Desayuno.
10:00 hrs. Actividad oficial de bienvenida.
11.00 hrs. Conferencia sobre José Martí.
12:30 hrs. Almuerzo.
14:oo hrs. "Processo de actualización
del modelo economico y social cubano".
OBS: houve a substituição desse tema por outro e este foi realizado em
outra data.
17:00 hrs. Reunión por países.
20:00 hrs. Noche cubana dedicada al 45
Aniversario del CIJAM.
Estas foram as atividades do primeiro dia, todas
realizadas com muito fervor, participação, disciplina e alegria. Sentimento
compartilhado por todos, desde os brigadistas mais novos, Eloiza Araujo
Vencattu, de 1 ano e oito meses e Nícolas Kemuel Filisberto Pereira de 4 anos
de idade ao mais velho, Honório Delgado Rubio, de 91 anos de idade.
Estas duas crianças: Eloiza acompanhada pela mãe e pelo pai
e o Nícolas somente pela mãe, são crianças impressionantes. Em 15 dias de
convivência não as vi chorar; ressalto que participaram de todas as atividades
sem nenhuma exceção.
Durante os 15 dias que estivemos em Cuba foi sempre assim,
todos os dias acordávamos entre 4:00 h e 7:00 h, sendo que, na maioria das
vezes o horário era 6:00 hrs. O galo (gallo) cantava implacavelmente na hora
prevista, em seguida se ouvia a música Guantanamera e a partir desse momento
mágico se viam mulheres, homens e jovens num corre corre frenético para cumprir
com seus deveres revolucionários.
La “Guantanamera” de José Martí era a canção mais linda. Vejamos:
"Guantanamera, guajira
guantanamera,
Guantanamera, guajira guantanamera,
Yo soy un hombre sincero
De donde cresce la palma
Y antes de morirme quiero
Echar mis versos del alma
Guantanamera, guajira guantanamera,
Guantanamera, guajira guantanamera,
Mis versos es de un verde claro
y de un carmín encendido
Mi verso es de un verde claro
y de un carmín encendido
Mi verso es un ciervo herido
Que busco en el monte amparo
Guantanamera, guajira guantanamera,
Guantanamera, guajira guantanamera,
Con los pobres de la tierra
Quiero yo mi suerte echar
Con los pobres de la tierra
Quiero yo mi suerte echar
El arroyo de la sierra
Me complace más que el mar
Guantanamera, guajira guantanamera,
Guantanamera, guajira guantanamera,
No dia 24 de janeiro ocorreram sete atividades, uma a menos que no dia anterior, entretanto um grupo de brasileiros realizou por conta própria uma visita a uma comunidade do distrito de Guayabal, município de Caimito. Fizemos isso no horário de almoço para não prejudicarmos a programação oficial. Vimos casas simples e lindas, nenhuma delas tinha muro.
A conferência das 14:00 h teve como tema: Integração
Latino-americana e Caribenha. O conferencista fez um relato histórico das lutas
dos povos sul americanos e procurou enfatizar o papel nocivo dos Estados Unidos
contra a região. Em seguida houve muitas perguntas. Em minha opinião a
conferência foi de altíssimo nível.
Às 21:00 h teve inicio uma aula de salsa. Salsa é uma dança
cubana. Mais ou menos à 0:00 h fui dormir, já o Honório de 91 anos ficou na
farra junto com os jovens que não se cansavam nunca. A turma da salsa
atrapalhou o meu sono, mas faz parte.
Miercoles 25 de enero
6:00 hrs. De pie.
6:15 hrs. Desayuno.
7:00 hrs. Salida hacia las labores
productivas. Assim foi feito
todos os dias. Porque em Cuba 7 horas são 7 horas, nos disse o coordenador do
acampamento, companheiro Armando.
Juntamo-nos na praça e de lá saímos, dois grupos foram colher feijão (Frijoles) em duas cooperativas distintas e o terceiro grupo foi para uma unidade agrícola, próxima ao acampamento, onde plantamos tomate. Ás 7:00 h ainda estava escuro, havia névoa e fazia muito frio, mas nada abateu o nosso ânimo. As mulheres foram as primeiras a subirem nos tratores, meios de transporte utilizados para o translado até os locais de trabalho. Não tenho dúvida de que cada companheira ou companheiro sentiu um orgulho imenso pelo seu próprio altruísmo. Aquele 25 de janeiro foi um dia inesquecível.
A última atividade foi a projeção de um filme sobre a
realidade cubana, que teve inicio às 20:00 h.
Jueves 26 de enero
6:00 hrs. De pie.
Neste dia, precisamente as 7:00 h, saímos para o
trabalho produtivo, comigo havia mais quinze pessoas, gente do Brasil, da
Argentina e do Chile. Lembro do companheiro Luiz e Lícia, ambos do Rio de
Janeiro ( Lícia fala bem o espanhol), uma outra companheira de São Paulo -
Baixada Santista, militante de muito valor, a companheira Luíza, estudante
universitária, também do Rio de Janeiro, dentre outros. Um grupo foi plantar
mandioca e outro limpar as bananeiras. Eu, Luíza, Luiz, Lícia e um companheiro do
Chile fomos para as bananeiras, de quando em quando encontrávamos um
formigueiro, as formigas eram pequenas e pretas, o ferrão ardia
intensamente. Luíza ficou com a pele irritada, mas se comportou como uma
revolucionária brilhante, não formulou uma só queixa, nem deixou de cumprir com
o seu dever. Falei da Luíza, mas o grupo todo foi exemplar. Como é bonito o
altruísmo! Para mim serviu como lição de vida e estou
mais convicto do que nunca de que outro mundo é possível.


A festa foi realmente linda. Tudo funcionou perfeitamente,
o jantar não poderia ser melhor.
Nosso regresso ocorreu a 1:00 h. Chegamos ao
acampamento às 2:00 h, felizmente pudemos descansar, porque no dia seguinte já
sabíamos que às 7:00 h tínhamos que começar nossas atividades nos labores
produtivos, compromisso pelo qual fomos de forma voluntária a Cuba.
Viernes 27 de enero
6:00 hrs. De pie.
No mesmo horário que os dias anteriores saímos para o trabalho produtivo, mas antes, o diretor do acampamento nos deu instruções sobre a Marcha de las Antorchas. No trabalho plantamos mandioca, nosso chefe era o Nine. Nas outras frentes de trabalho, cuja quantidade de pessoas era maior, não sei quem era o chefe, mas sei que os resultados foram excelentes, tanto pelo empenho como pela disciplina dos e das brigadistas.
Meu grupo era constituído em sua maioria mulheres jovens.
Trabalhamos com muito afinco, apesar do cansaço em virtude da festa do
dia anterior. Depois das 11:00 h fui à casa do Nine. Lá tomei café com pão. No
período da tarde assistimos a uma palestra (Feliú OSPAAAL) e projeção de um
vídeo sobre Cuba.
À noite, de 21:00 h às 23:00 h, estivemos em Havana, onde
participamos da Machas das Antorchas. Saíimos das grandiosas escadas da
Universidade de Havana. Lá estava gente de todo o mundo a formar uma verdadeira
multidão, todas e todos com luzes nas mão. Na frente caminhavam os
estudantes e o companheiro Raul Castro. A Marcha é uma tradição que
começou em 1953 com a presença de Fidel Castro, que tinha 27 anos e já
lutava com os demais para libertar Cuba das tiranias. Após as 23:00 h
regressamos ao acampamento.
4:00 hrs. De pie.
Às 5:30 h saímos com destino a Santa Clara, onde visitamos
o Memorial Ché Guevara. Nesta ocasião um casal de brigadistas colocou flores em
homenagem aos mártires. O homem era brasileiro e a mulher era chilena. Depois
almoçamos en la Granjita, Santa Clara e saímos para Santi Espíritus. Já no
final do dia, quando o sol não brilhava com vigor chegamos e logo fomos
recebidos de forma fervorosa pelas autoridades locais e representantes do ICAP.
Houve uma rápida cerimonia, onde eu e a companheira Maria Carolina, jovem
argentina da província de Santa Fé, tivemos a honra de colocar flores no
monumento em homenagem aos mártires espirituanos.
Ao término da cerimônia nos dirigimos ao hotel onde
jantamos. Após o jantar ocorreu uma festa que deve ter durado a noite toda. Eu
e Honório não participamos, fomos dormir. Lamento não ter tomado um banho
de piscina antes de dormir, mas não conseguiria, pois fazia muito frio.
Domingo 29 de enero
Às 7:00 h já estávamos no restaurante do hotel, tomamos nosso café da manhã (desayuno) às 8:30 h, em seguida saímos para Yaguajay, onde às 9:30 h fomos recebidos no Complexo Monumental de Camilo Cienfuegos. Os brigadistas obtiveram informações sobre a história da Revolução e de seu desenvolvimento até os dias atuais. Faz parte do Complexo: o Museu, o Memorial, o Conversatorio entre outros espaços. No local onde se encontram os restos mortais dos combatentes revolucionários, todos nós colocamos flores nas tumbas. Cercando o espaço há 12 palmeiras do lado oriental, 12 do lado ocidental e 3 no centro. Ao todo são 27 palmeiras, o que representa 27 anos, idade que tinha Camilo Cienfuegos na época do acidente que acabou com sua vida física. Na frente, um pouco antes de chegar ao monumento, há um riacho (arroyo), nele há um aquário onde são depositadas flores pelos milhares de cubanos de Yaguajay e de outras regiões. Depois são abertas as comportas e as flores são levadas para o mar, numa referência a Camilo que teve seu corpo tragado pelas águas do mar após o avião que viajava ter caído no oceano em 1959.
Ao termino das visitas participamos de uma conferência com
ex-combatentes, a mesa era composta homens e mulheres. Foi mais uma
excelente atividade política e formativa.
Às 12:30 h saímos para San José del Lago. Almoçamos no
hotel e descansamos um pouco. Às 17:30 h regressamos a Sancti Spíritus, às
19:00 hrs. jantamos (cena) e depois tivemos atividades recreativas. Tudo isso
quer dizer que o domingo não foi de brincadeira.
Lunes 30 de
enero
7:00 hrs. Desayuno (merenda)
Às 8:00 h saímos do hotel com destino a cidade de Trinidad, mais uma das cidades históricas de Cuba. No caminho atravessamos as montanhas de Escambrai, que também são históricas porque serviram de abrigo para os bandidos contrarevolucionários que tentaram acabar com a Revolução no inicio dos anos 1960, mas foram derrotados pelas forças revolucionárias sob o comando do Comandante heroico Fidel Castro Ruz. Escambrai é uma cordilheira imponente de cor azul e bastante comprida (larga), que se estende nas direções oriente, ocidente.
Eu contemplava Escambrai e ao mesmo tempo lembrava dos
versos de Martí, o libertador: "Mi verso es de un verde claro e de un
carmin encendido: mi verso es un ciervo herido que busca en el mundo
amparo".
Do meu lado se encontrava Alécio, um companheiro da Bahia
com sua filha Heloísa no colo. Quando tirava os olhos da serra, eu brincava com
ela e às vezes apertava seu narizinho rosado e afilado.
Ao chegar em Trinidad fomos recebidos pelos companheiros do
ICAP. Realizamos um passeio (recorrido) passando pela Praça Mayor, pelo Palácio
dos Canteiros, talvez o maior e mais luxuoso da cidade na época colonial. A
família Canteiro era uma das mais ricas da região, dona de muitos escravos, os
quais certamente foram explorados até a morte, prática comum naquela
época em todo o continente. Visitamos algumas feiras de artesanato, além de
outros pontos históricos. Durante todo o tempo fomos acompanhados por um historiador
que nos dava explicações sobre a cidade.
Ao meio dia fomos para o hotel Cancón. Lá almoçamos e
passamos o resto da tarde na praia de Trinidad, praia de águas claras e areias
límpidas.
Martes 31 de enero
7:00 hrs. Desayuno
Nesse dia, as brigadistas e os brigadistas foram divididos
em quatro grupos distintos. O grupo 1 foi visitar um lar de meninos sem amparo;
o grupo 2 visitou uma Policlínica e um Centro Médico; o grupo 3 um centro
esportivo e o grupo 4 uma Cooperativa Agrícola. Eu me encontrava neste último
grupo. Às 9:31 h, chegamos à Cooperativa Nova Cuba, cuja fundação se deu em
1962 e cuja experiência foi adquirida na União Soviética.
O grupo foi recebido pela comunidade local. Participamos de
uma palestra explicativa sobre como foi criada a cooperativa, sua história e
seu desenvolvimento. Em seguida realizamos uma visita a uma pequena plantação
próxima à sede da Cooperativa.
Algumas plantas que pudemos ver: Zanahoria (Cenoura),
Lechuga (Alface), Remolacha (Beterraba), Acelga España (Couve), Cilantro
(Coentro), Berenjena (Biringela), Maiz (Milho), Frijol (Feijão), Boniato
(Batata doce), Orégano (Malvarisco) e outras.
Nessa visita vi homens e mulheres, que antes não tinham
nada e agora, com a Revolução, são donos de suas próprias terras. E o que é
mais importante: são donos de seus próprios destinos, num país que
autoproclama Território Livre en las Américas.
Ao final saímos para Sancti Spíritus, cidade fundada pelos espanhóis em 1514. A maioria ficou na cidade, alguns poucos voltaram para o hotel já que a tarde era recreativa. Os que ficaram puderam visitar muitos centros históricos, para tanto contamos com o apoio da historiadora Maria Antonia Rimenes. Vimos igrejas, o Museu das Gayaberas, el rio Yayabo, a ponte Yayabo erguida em 1831. Eu, por iniciativa pessoal, visitei o Museu de Arte Colonial, uma casa conhecida como casa das 100 portas porque tem exatamente 113 portas. Esta casa pertenceu a Don Fernando Alfonso del Valle. Era um dono de escravos.
Ás 17:00 h regressamos ao hotel, às 19:00 h jantamos
e às 20:30 h visitamos um CDR - Comitê de Defesa da Revolução. No CDR
conversamos com os moradores do local, com algumas crianças, com o médico da
quadra, além de ouvirmos a fala do presidente. Vimos então o entusiasmo do povo,
a participação popular, a disciplina e a confirmação de que o povo cubano
seguirá defendendo o socialismo.
Por último ouvimos a boa música cubana e nos foi servido
comidas típicas. O dia 31 de janeiro foi realmente maravilhoso!
Miércoles 1 de febrero
7:30 hrs. Desayuno
Até o meio dia não fizemos nenhuma atividade, foi uma manhã de descanso. Quase todo mundo desfrutou da maravilhosa piscina. Às 12:30 h almoçamos e às 13:30 h regressamos ao acampamento. Foram 4 longas horas de viagem desde Sancti Spíritus até Artemisa. Ao chegarmos, jantamos e participamos de duas reuniões, a primeira reuniu todas as delegações e a segunda, somente com a delegação brasileira, que contava com 56 pessoas, segundo relação fornecida pela nossa coordenadora, Alessandra Kosinski de Oliveira, dos quais 9 eram do Rio Grande do Sul, 7 de Santa Catarina, 7 do Parana, 7 de São Paulo, 1 de Minas Gerais, 1 do Ceará, 11 do Rio de Janeiro, 7 da Bahia e 6 de Pernambuco.
As reuniões a que nos referimos tinham como objetivo
elaborar o documento final da brigada. Entre nós as dificuldades foram maiores
porque havia duas posições diferentes e, pelo visto, inconciliáveis.
Mais ou menos por volta da meia noite conseguimos finalizar a reunião e nos recolhemos para um merecido descanso, haja vista que no dia seguinte tínhamos trabalho pela frente.
Marte 2 de febrero
5:45 hrs. De pie.
6:00 hrs. Desayuno
7:00 hrs. Matutino
7:15 hrs. Saímos para o trabalho produtivo. Neste dia
ficamos no próprio acampamento, fizemos limpeza, capinamos e plantamos diversas
especies de plantas. Eu, Honório, Laurentino e também o Santigo, que trabalha
na área agrícola do acampamento, ficamos no mesmo grupo. Conosco havia ainda
outras pessoas. Este foi o último dia de trabalho, pelo qual demos nossa
humilde contribuição a um país que, mesmo sofrendo o mais brutal bloqueio
econômico da história da humanidade, soube dar sua contribuição à história da
humanidade com o seu exemplo de solidariedade e promovendo o bem-estar e
a vida de seu povo.
O que as mulheres, os homens e as crianças brigadistas
fizeram foi, para além do trabalho voluntário, um significativo aprendizado que
certamente servirá para o resto de nossas vidas.
Mais do que nunca podemos afirmar: Entre los sentimientos humanos la
solidaridad es el único que nutre y alegra el alma.
Às 14:00 h, logicamente depois do almoço, nos
dirigimos à sala de conferências onde foi ministrada a palestra sobre
"Proceso de actualización del modelo economico y social cubano",
prevista para o dia 23 de janeiro, que fora adiada conforme relatei. A palestra
foi bastante esclarecedora, sobretudo pela notável competência da economista
que a proferiu.
No final da tarde improvisamos uma partida de futebol,
e é claro que eu participei e fiz três gols.

Vierne 3 de febrero
7:00 hrs. Desayuno
9:30 hrs. Encontro de solidariedade. Na mesa estavam
a direção do acampamento, a quem coube a coordenação dos trabalhos, Fernando
Gonzalez, Presidente do ICAP, Bráulio de Barros Wanderley representando a
delegação brasileira e uma companheira representando a delegação argentina,
responsável pela leitura do documento final. Seu nome é Camila, uma jovem muito
politizada, assim como os demais membros da delegação da Argentina.
O discurso de encerramento coube ao companheiro Fernando
González. Foi mais uma missão comprida, contudo havia ainda duas importantes
tarefas: a preparação da Noite Sul Americana, que aconteceria às 20:00 h. Para
isso o trabalho foi intenso.
Na hora prevista a praça estava perfeitamente arrumada, cada país fez o seu melhor. Havia painéis sobre história, cultura, música, etc. As bandeiras tremulavam com a força da brisa cubana, que com mãos invisíveis passavam em nossos corpos como se fossem uma carícia leve e fria. Às 21 horas mais ou menos, começaram as apresentações, foi um ato indescritível. Eu poderia até fazer um esforço para falar sobre o que vi, mas prefiro deixar para quem possa ler este relatório, o aguçar de sua própria imaginação. Acrescento apenas, que o conteúdo e a beleza de cada país eram incomensuráveis. Contudo, em minha opinião, o Brasil se superou pela grande criatividade.
Ao final todo mundo comeu e bebeu, porque comidas e bebidas
típicas foi o que não faltaram.
Sábado 4 de febrero
7:00 hrs. Desayuno
Às 9:30 h saímos para Havana. Os ônibus, como sempre, foram
acompanhados por batedores da polícia, que eram responsáveis pela nossa
segurança. Neste dia todo mundo ficou à vontade e cada um fez o que quis. Eu,
Laurentino, Tânia e a companheira de Costa Rica formamos um grupo e assim
visitamos várias ruas, pontos históricos, como a Catedral, La Bodeguita del
Medyo, La Plaza de las Armar, el Gran Teatro de la Habana dentre outros.
Às 17:00 h regressamos, jantamos e a noite foi livre de
qualquer compromisso formal.
Domingo, 5 de fevereiro era o final de nossa estadia em Cuba. Às 7:00 h,dDesayuno. A esta temprana hora, muitos já haviam saído, outros ainda não. Falei com alguns, os últimos foram Laurentino, Honório e o Nine. A companheira Yaris representante do ICAP no Brasil me levou ao aeroporto internacional José Martí, coisa que o fez com a mesma presteza de todos os momentos que nos acompanhou, do primeiro ao último dia.
O galo ficou, não sei se segue cantando, o sinsonte que
canta melhor do que el Tocororo, com certeza, canta todos os dias, Carbonero e
Asabate ficaram com o Santiágo. Da querida delegação argentina não tenho
notícias, só saudades, a chilena deve estar contemplando a hermosa flor
Copihue, Costa Rica, Colômbia, Espanha e Brasil devem estar cada cual com seus
trabalhos, com seus sonhos cada cual, com a esperança no futuro e as
recordações do passado, e assim seguimos lutando. Para os irmãos e irmãs de
Cuba cultivo uma rosa branca em julho como em janeiro.
Se depois de tudo, tivermos aprendido que o trabalho
produtivo deve servir aos homens e às mulheres sem nenhuma exceção, e não a
meia dúzia de parasitas que à custa do trabalho alheio acumulam riquezas
absurdas enquanto muitos vivem na mais absoluta miséria. Se tivermos reforçado
em nós mesmos, valores como o altruísmo, a solidariedade, a justiça social, a
simplicidade, o patriotismo e amor ao próximo, seguramente seremos melhores do
que antes, seremos comunistas e quem sabe poderemos até dizer: Nosotros también
somos Fidel!
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Eunice Bezerra – Comandante Ibiapino – Francisco Malta
Presidente da Casa, ladeado por seus vices, confraternizam 90 anos de Fidel Castro Ruz – agosto de 2016. |
* Antonio Ibiapino da Silva - Brigadista.
Comandante Ibiapino é o atual
Presidente da Casa da Amizade
Brasil/Cuba no Ceará
¡Hasta la
victoria, Siempre!